29/05/2011

Parte 4


HÁBITOS

Era costume na região que todas as meninas, além de seus nomes próprios, recebessem também o nome de Maria, em homenagem à Virgem Maria. Era também uma obrigação imposta pelo governo, que todas as casas mantivessem nos fundos de seus quintais um pequeno chiqueiro para a criação de leitõezinhos, que deveriam ser consumidos apenas no inverno, já que no verão era proibido comer carne de porco, sob pena de multa.


No quintal da família havia também um pequeno jardim, uma horta e um pomar, tudo muito bem cuidado. Antonio também instalou ali uma pequena oficina de carpintaria, onde trabalhava das quatro horas da madrugada até altas horas da noite. Ele possuía habilidade para trabalhar com ambas as mãos ao mesmo tempo. Também era outra característica marcante sua preparar o próprio café, sem açúcar, toda noite.


Antonio era carpinteiro da prefeitura local e além de suas atividades normais também fabricava caixões para os mortos. Além disso, era também encarregado de abrir enormes tonéis de vinho, um trabalho que muito lhe agradava. Era um hábito bastante comum tomar vinho até mesmo no café da manhã, prática adotada inclusive por mulheres e crianças, que não ficavam embriagados. O vinho, assim como o sal, era fornecido às famílias gratuitamente pelo governo.

Outra doação feita pela prefeitura, na época, era uma certa quantidade de bichos da seda, que deviam ser cuidadosamente tratados com limpeza diária e alimentação à base de folhas de amoreira, para que procriassem. Esse trabalho era executado pelas mulheres e crianças. Após determinado período de tempo, a criação era entregue à prefeitura que dividia os lucros com as famílias.
Na véspera da Páscoa, durante o sono das crianças, Antonina coloria ovos cozidos com anilina, colocando-os em pequenos cestinhos escondidos entre folhagens. Na manhã seguinte, as crianças procuravam por eles entre risos e muita alegria. Era uma festa!

Nessa época também não havia a figura do Papai Noel. Quem trazia os brinquedos para as crianças era Santa Luzia, em 13 de dezembro. o último presente que Elvira ganhou não lhe agradou muito: um carretel de linha, agulha, tesoura e fita métrica.