A DOR DA PARTIDA
No lar dos Meneghelli reinavam a paz, compreensão, alegria e bem-estar. Mas, repentinamente, nuvens escuras pairaram nesse céu de tanta felicidade. Alguma coisa preocupava Antonio, que se tornou calado, pensativo e com o olhar distante. Em vão a esposa e filhos indagavam o motivo de tanta mudança em seu comportamento. Finalmente, um dia, Antonio comunicou-lhes que queria mudar-se para o Brasil. Mãe e filhos, entre lágrimas e súplicas, tentaram demovê-lo dessa idéia que, para Antonio, transformou-se em obsessão.
Antonio foi à prefeitura, seu local de trabalho, para expor suas idéias. Seus superiores não acreditaram e disseram: "Estai scherzarendo o sei pazzo?..." (Estás brincando ou é louco?). Antonio respondeu que apenas queria ir ao Brasil. Perguntaram-lhe, então, se queria um aumento de salário, argumentando que mais tarde, na velhice, seria útil ter uma boa aposentadoria. Tentaram argumentar, ainda, dizendo que no Brasil havia necessidade de trabalhadores rurais e que ele nunca tido trabalhado com isso.
Certamente, diziam eles, iria se decepcionar assim como já havia acontecido com tantos outros. Porém, nada fez com que Antonio mudasse de ideia.
Certamente, diziam eles, iria se decepcionar assim como já havia acontecido com tantos outros. Porém, nada fez com que Antonio mudasse de ideia.
Antonio dizia à esposa que temia pelo início de uma guerra e não queria que seus filhos homens fossem obrigados a participar dela. Permanecendo na Itália, seria impossível evitar que isso acontecesse. Além do mais, conhecidos seus já estavam vivendo bem no Brasil há anos.
Os pais e irmãos de Antonio já haviam partido para o Brasil, fixando residência em Colatina, no Estado do Espírito Santo. Passados alguns anos, José Meneghelli, o pai de Antonio, para proteger-se de um temporal no campo, refugiou-se sob uma árvore que acabou tombando e o matou.
Firme em seu propósito, Antonio começou a tomar as providências necessárias para a viagem: tirou os passaportes, comprou passagens de segunda classe no navio, enfim, deixou tudo em ordem para a partida.
Os pais e irmãos de Antonio já haviam partido para o Brasil, fixando residência em Colatina, no Estado do Espírito Santo. Passados alguns anos, José Meneghelli, o pai de Antonio, para proteger-se de um temporal no campo, refugiou-se sob uma árvore que acabou tombando e o matou.
Firme em seu propósito, Antonio começou a tomar as providências necessárias para a viagem: tirou os passaportes, comprou passagens de segunda classe no navio, enfim, deixou tudo em ordem para a partida.
Começaram, então, a se despedir de parentes e amigos, do vigário da igrejinha e de todas as recordações de sua terra natal. Em cada canto, uma saudade...
Polycarpo despediu-se de seu professor, que lamentou muito por sua partida, já que era um ótimo aluno e muito querido. Disse-lhe: "Leio sempre os jornais e estou informado de que no Brasil há falta de professores. Você é inteligente e, apesar da pouca idade, poderá ensinar. Separei alguns livros que poderão ajudá-lo muito. Este é meu presente para você".
Teodósio, por sua vez, resolveu permanecer na Itália e foi despedir-se de seus familiares. "Algum dia irei visitá-los", afirmou.
Em prantos e com a alma dilacerada, lançaram o último olhar, despedindo-se de sua casa e de tudo que ficaria para trás, transformando-se em recordações. Só restaria a saudade. Deixar sua pátria tão querida, partir para um país desconhecido, entre um povo estranho, com língua e costumes diferentes, era doloroso demais. Só Deus poderia lhes dar forças nesse momento. Levaram, assim, a dor da separação e o temor do destino que estava traçado.
"Partire è un po’ morire", dice l’adagio, "Ma è meglio partire che morire", aggiunge Carrara.
Appena fatta l’Italia, gli italiani erano troppi, troppo poveri e ancor più malcontenti.
Anche per questo i governi europei spinsero su quello brasiliano per ottenere, nel 1888, l’abolizione della schiavitù.
La conseguente domanda di mano d’opera venne soddisfatta dai Paesi del vecchio continente,ben felici di liberarsi di una massa di miserabili che rischiava di diventare troppo turbolenta."
(Lino Zonin, sobre a peça Merica, Merica, Merica, de Armando Carrara, em Il Giornale Di Vicenza, 14 agosto 2001).
Tradução:
"Partir é morrer um pouco", diz o adágio, "Mas é melhor partir do que morrer", retruca Carrara.
Tão logo unificada a Itália, os italianos eram muitos, muito pobres, e estavam extremamente descontentes.
Talvez por essa razão os governos europeus fizeram pressão sobre o governo brasileiro para que em 1888 fosse abolida a escravidão.
A demanda de mão- de- obra criada com a libertação dos escravos pôde ser satisfeita com a emigração de trabalhadores de países do velho continente, que certamente ficaram muito felizes por livrarem-se de uma massa de miseráveis que poderia provocar sérios tumultos."