EMANUEL MICELI, O PRETENDENTE DE ELVIRA
Um dia Emanuel contou sua história para a família de Antonio Meneghelli. Havia aproximadamente dois anos que ele imigrara ao Brasil. Era o segundo filho do casal Antonio e Rosa Nanci Miceli. Seus irmãos chamavam-se Rafael, Domingos, Francisco, Tomáz, José e Maria Angélica. Seu pai era comerciante e residia em Pianopoli, província de Catanzaro, na Calábria. Todos seus irmãos tinham um ofício e ele sempre cuidou da horta e do pomar.
Todas as tardes, na Itália, ele e os irmãos saíam após o jantar para conversar com amigos. Porém, quando o pai, bastante rigoroso, ía à janela e dava um assobio, sabiam que era hora de entrar e assim sempre faziam.
Numa determinada noite, porém, Emanuel não acatou a ordem do pai e continuou na esquina próxima, conversando com amigos. Ao regressar, seu pai estava irritado e o repreendeu energicamente. Emanuel, pela primeira vez, retrucou dizendo que não era mais criança e que já completara 23 anos.
Discutiram até tarde da noite e não se entenderam. No dia seguinte, Emanuel logo tratou de arrumar seus documentos e viajou para o Brasil, sem reconciliar-se com o pai. Apesar disso, escrevia frequentemente para a mãe e irmãos.
Discutiram até tarde da noite e não se entenderam. No dia seguinte, Emanuel logo tratou de arrumar seus documentos e viajou para o Brasil, sem reconciliar-se com o pai. Apesar disso, escrevia frequentemente para a mãe e irmãos.
Percebendo que por mais que fizesse não conseguia conquistar o amor de Elvira, inconformado, Emanuel apelou para a tragédia. Um dia subiu no telhado de sua casa e com um revólver em punho ameaçou suicidar-se, caso ela não o correspondesse.Houve susto, gritos e correria. Finalmente conseguiram acalmá-lo.
Os pais temiam pelo futuro de sua querida filha, num ambiente que consideravam cheio de perigos. E como Emanuel a amava verdadeiramente e era um grande amigo da família, aconselharam Elvira a aceitar o pedido de casamento. Filha obediente e já simpatizando mais com Emanuel, Elvira o aceitou e finalmente ficaram noivos.
Nessa época, Antonio já era encarregado de todo o serviço de carpintaria da fazenda e contava com a ajuda dos filhos Polycarpo e Hermenegildo para dar conta do trabalho.
Certo dia, tendo que ir à cidade, Emanuel perguntou à noiva se queria algo. Ela, então, pediu-lhe que fosse ao correio retirar uma carta que estaria endereçada a ela. Quando regressou, Antonio lhe entregou a carta, intacta, para que a lesse. Em seu íntimo, Elvira admirou a honestidade do noivo em não abrir a carta para conhecer seu conteúdo. Elvira entregou a carta ao noivo para que também a lesse e, de comum acordo, picaram-na e deixaram que o vento levasse seus pedaços embora. Emanuel repetia: "Ti voglio tanto bene!...". Assim, o vento levou embora também as esperanças do padeiro apaixonado por Elvira.
Numa tarde, a esposa do fazendeiro, senhora distintíssima, foi visitar a família de Elvira e viu um par de meias que ela começou a tricotar no navio. Percebendo que a senhora havia gostado muito do trabalho, a mãe de Elvira a pediu que, quando acabasse, deveria presenteá-la com as meias. Esta, em agradecimento, deu-lhe uma peça de fazenda. Elvira, radiante com o presente, contou ao noivo o que havia acontecido. Cheio de ciúme e irritado com a proximidade entre Elvira e a família do fazendeiro, no dia seguinte Emanuel foi até a casa grande para tirar satisfações. Como consequência, foi expulso da fazenda.
Emanuel encontrou trabalho em outra fazenda. Embora tivesse que enfrentar inúmeros perigos, todas as noites entrava escondido na fazenda onde Elvira vivia e não descansou até que a família também se mudasse para o local onde ele trabalhava no momento.
CASAMENTO DE ELVIRA E EMANUEL
Finalmente o casal marcou a data de seu casamento, que seria realizado apenas no religioso, já que nessa época ainda não havia o registro civil. Para certificar-se da formação religiosa dos nubentes, o padre pediu que a cerimônia fosse adiada por alguns dias, pois percebera que a noiva tinha uma boa formação nesse sentido, porém, o noivo precisaria fazer um curso. Não houve acordo com Emanuel e o padre teve que celebrar o casamento de qualquer maneira. A união aconteceu na Catedral de São Carlos Bartolomeu, em 08/05/1888.