29/05/2011

Parte 1

ITÁLIA - MEUS BISAVÓS, LUIZ E MARIA VALLI

Tudo começou em Mantova

Numa pequena região chamada Porescia, em 13/06/1840 nasceu uma menina que, em homenagem a Santo Antonio, recebeu o nome de Antonina. Era a filha primogênita de um jovem casal. Seu pai, Luiz Valli, era marceneiro e sacristão; a mãe, Maria, era filha adotiva de um casal milionário, que residia numa região conhecida como Vila Garibaldi. Os pais costumavam mandar auxílio financeiro à Maria. Com a morte da mãe adotiva, seu pai enviou-lhe uma mensagem, pedindo que ela e o marido vendessem tudo o que possuíam e se mudassem para perto dele. Luiz e Maria aceitaram o convite com alegria e junto de seus cinco filhos empreenderam longa viagem de gôndola pelo Rio Pó. Finalmente chegaram ao destino, porém a angústia os invadiu: o pai também falecera e seus parentes não quiseram reconhecê-los.

O pobre casal desconhecido vagava pelas ruas com seus cinco filhos à procura de um abrigo, sempre sem sucesso. Cansados e abatidos, finalmente encontraram um cômodo úmido e frio, nos fundos de um prédio pertencente a uma rica senhora. Agradecidos a Deus, ali se alojaram e, com suas poucas economias, pagavam o aluguel. Para que as crianças pudessem tomar sol no pátio havia uma condição: sempre que fizessem a polenta deveriam entregar o fubá grosso que sobrava na peneira à senhoria. Isso servia para que ela alimentasse os pintinhos que criava.

Luiz começou, então, sua via sacra. Saía, dia após dia à procura de trabalho, sem nada conseguir. A vila era pequena e comportava apenas um profissional para cada ofício. As economias estavam acabando e Maria, sua esposa, tirava da canastra peças de seu enxoval, todo feito aos poucos e à mão, para vender.

Luiz era bom e honestíssimo. Porém, um dia, ao ver a esposa gravemente enferma e os filhos famintos, tomou uma difícil decisão. Apanhou um cesto e, aproveitando-se do grande movimento no armazém, pegou algumas mercadorias. Na saída, o comerciante o chamou e Luiz, envergonhado, humilhado, caiu em doloroso pranto, relatando-lhe sua situação. O negociante, compadecido, deu-lhe muito mais do que pedira.